23 de abril de 2011

Resenha: Show do Coléra no Hocus Pocus em SJCampos



Coléra, San Petter, Crônica Ativa, Skarrapatos-KO e Monstro
All Tribe Skate Fest
10/04/2011 - Hocus Pocus - SJcampos - SP


O domingo chuvoso prometia um grande espetáculo. A “All Tribe Skate Fest”, um evento que reuniu skatistas, Mc’s, artistas, punks entre outras tribos, aconteceu na Hocus Pocus; mais uma grande sacada do Unissonância e do Zíper Zine. Por volta das 18 horas adentrei na casa, o movimento ainda era tímido, pois a chuva não deu muita trégua, mas ao passo que a chuva ia parando as pessoas chegavam para prestigiar o evento.

A organização montou uma rampa para os skatistas na parte externa da casa, havia, também um espaço para demonstração de artes e desenhos. Uma energia muito bonita, uma verdadeira “All Tribe Fest”. Infelizmente os Mc’s que se apresentariam não compareceram ao evento, fazendo assim com que uma “Tribe” da “All Tribe” tivesse sua presença e impacto reduzida. Realmente uma pena, só embelezaria ainda mais a festa. Mas se houveram problemas por parte dos rappers, no que cabe as bandas foi tudo muito bonito: apresentações cativantes, cheias de energia, muita técnica e habilidade no palco e, acima de tudo, era notável o amor por “aquilo” - a vontade de estar ali.

A banda de abertura foi a San Petter, com um hardcore progressivo e rápido, recheando letras com conteúdo. A banda executou muito bem seu papel de abertura, e contagiou o público para o que estava por vir, o tão esperado show do Cólera. E os San Petters ainda mandaram, muito bem por sinal, cover de uma banda ícone do punk/hardcore, "Stickin' in My Eye", do NoFX. Continuando a noite que alternava entre chuva, muita chuva, frio e muito frio, a banda Crônica Ativa apresentou-se com um som mais agressivo, pesado e com letras que retratavam bem o dia-a-dia e os altos e baixos dessa vida.

Trazendo o público para mais perto do palco, inclusive algumas meninas que usavam camiseta do quarteto, os vale paraibanos da banda Monstro apresentaram-se com um som rápido, bem trabalhado e positivo, retratando momentos, fases e a vida em suas letras, contagiando os presentes e trazendo mais para o “pogo” com músicas próprias, e um cover dos inesquecíveis Ramones. E fica o salve para o talento dos monstros, e para seu baterista, Daniel, que é um verdadeiro “monstro” na bateria. Diretamente do planeta Ska, trazendo para o palco guitarra, baixo, bateria, trompete e saxofone, os Skarrapatos-KO foram os seguintes na noite de show, com letras engraçadas, com tom de deboche e diversão, os cariocas representaram e animaram em sua apresentação. Ao descer do palco deram espaço para o que estava por vir: Cólera.

A chuva apertou, impossibilitando os skatistas na parte de fora da casa de continuarem mandando suas manobras, isso de certa forma me soou como uma conspiração divina para que ninguém perdesse a apresentação de uma banda de 31 anos de história. Redson - guitarrista e vocal, Val - baixista e vocal, e Pierre - baterista e vocal, subiram ao palco e iniciaram o frenesi musical do underground, pela paz em todo mundo todos cantavam unidos em uma só voz: observava-se coturnos, sapatos, bonés aba reta, All Star, calça larga, (ou não) e até mesmo saltos alto; tudo isso temperava o evento e o tornava mais especial. O Cólera se sentiu a vontade no palco joseense, a segurança por trás dos microfones, a interação do trio em todas as músicas, o talento, toda a história de resistência e formação de idéias, com letras que contam um ponto de vista cansado de calar-se perante toda a injustiça, seja ela social ou ambiental, o Cólera não fazia apenas um show naquele palco, não para mim, e aposto que nem para muitos outros - eles demonstravam o resultado de uma luta vencida todo dia, de uma história de sucesso.
Demonstravam o quão longe pode chegar alguém que acredita em sua capacidade, que não desiste de seu ideal, demonstravam o quão forte é o poder da Águia Filhote, que “Vai, cai e se levanta, até alcançar, se superar”...

É imensa a influência do Cólera, no mínimo na nova geração, e a união pacífica na “All Tribe Skate Fest” provou isso. O que dizer de uma música como “Deixe a terra em paz”, um grito de alarde, a cerca dos problemas ambientais, ou então, cantemos em outras línguas, como Redson, e uns tantos bons de memórias, ou bilíngües, no recinto fizeram “Pela paz em todo mundo”. Cantemos a verdade sobre o nosso mundo, nossa sociedade, vamos todas entoar o grito de inconformismo em meio a todo esse “Caos mental geral”. A apresentação de um dos ícones brasileiros do punk transcorreu em seu total, magnificamente vibrante. Emocionante. O Cólera fez a festa para os presentes, atendendo pedidos de músicas, feitos nas comunidades sociais de internet, e fez um show extenso. E a alegria dos presentes quando Redson deixou sua guitarra, pegou o baixo e fez um rap: fora de série. E vale ressaltar o carisma, pois, antes, e depois, do show eles estavam ali, no “povão” atendendo quem os quisesse abordar.
Os “Tios” do punk merecem toda nossa admiração e congratulações, e que sigamos esse exemplo, afinal, “Nós vamos também envelhecer”. E espero que como a Águia Filhote, tenhamos força para superar.

Parabéns, mais uma vez, não cabem em palavras para a organização, belíssimo evento, tudo muito bom e bem feito. Parabéns as bandas: San Petter, Crônica Ativa, Monstro, Skarrapatos- KO e, a principal, Cólera.Parabéns para o público que colou e representou. Fica só o salve negativo para os Rappers que não compareceram, mas isso não diminui em nada a beleza do evento. É isso ai, força!


Helder Miguel de melo
@nerdzme

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